quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Passou a tempestade mas eu espero um vendaval

Então eu senti saudade do jeito que a gente se amava. Eu nunca me sentia só...
Então, veio uma tempestade e nos separou.
Desde então minha vida se tornou outra.
Eu sempre sozinha.
Eu muito mais feliz.
Percebi o quanto aprecio minha companhia.
Já não me sinto sozinha.
Eu não senti mais saudade do tempo em que a gente se amava.
Estou a espera de um vendaval que traga outro alguém pra mim.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Sobre a partida das mulheres

Escrevi esse texto em homenagem a duas mulheres que conheci e se foram.
Escrevi esse texto em homenagem e saudade a minha vó.


Desolada. Por que morrem as mulheres? Por que precisam gerar, tornarem-se mães, deixarem os filhos dependentes de sua presença e de repente partir? Por que se vão as mães sem despedidas justas, sem o tempo de dar os conselhos que ainda não foram dados, sem falar todas as coisas que elas sentem que vão acontecer em nossas vidas.
Deus, por que partem as mulheres? Por que precisam ser tão multitarefa, tão donas de tudo, tão certas das coisas que nós, aprendizes, não aprendemos ainda?
Duas mães morreram essa semana. Duas famílias perderam o referencial. Alguns filhos ficaram perdidos. E agora, Deus? Como a gente aceita, como a gente explica porque morrem as mulheres? As mães deviam ser eternas. As mulheres deviam durar para sempre.

sábado, 25 de setembro de 2010

Eu numa moldura

Abro o dicionário e busco um significado de uma palavra... que não existe! Busco uma palavra que defina o que eu sinto agora. Um misto de confusão, de indignação, de ansiedade, de curiosidade... Mas ao mesmo tempo, uma sensação de ser resiliente demais, de ser compreensiva demais, passiva demais.
Fecho o dicionário com a frustração de ser uma mulher como todas as outras em algum momento do dia: indecisa. Paro o que estou fazendo, fixo meus olhos no meu reflexo no espelho. Observando minha imagem na moldura, me assusto com as coisas que eu vejo. Como é estranho estar diante de si mesma em momentos como esse. E perceber que sou apenas mais uma mulher comum, quando eu queria ser diferente.
Encarar nossas fraquezas nos assusta. Ver que não somos exatamente o que queríamos nos choca.

sábado, 4 de setembro de 2010

O violão e eu


Eu tenho um violão que não sei mais tocar. Tenho um coração apaixonado por músicas. Mas eu não sei cantar.
Eu tenho melodias que fazem meu dia dançar levemente. Perco-me entre as canções, adormeço tranquilamente ao som dos acordes de minhas músicas favoritas.
Eu penso em voltar a estudar violão. Em investir minhas horas fazendo carinho em suas cordas. Mas me sinto constrangida. É como uma paixão platônica. O violão não quer que eu o toque. Ele não é tão simples como eu imagino que seja. Tudo que eu me lembro de nosso tempo de romance são o dó e sol. Das sete notas lembro-me de duas. De todos os acordes, não me recordo nem mesmo de um... Olho para meu violão e  vejo que lhe faltam cordas. Falta-lhe vida. Sem o carinho que eu poderia dá-lo, meu violão só é um troféu de algo que comecei e não terminei.
Eu lamento todos os dias ter uma paixão não correspondida por ele.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

As palavras continuam perdidas.

Ouvi tantas palavras doces sobre mim. E me senti grande, potente e suficiente.
Ouvi as palavras que todas as mulheres gostariam de ouvir. Deliciei-me com a doçura delas.
Encantei-me e me entreguei como que uma criança. Fui criança embalada ao som de tuas palavras.
Dancei ao ritmo calmo e sedutor de nossos diálogos. Dancei uma dança solitária.
Perdi-me no vazio do teu silêncio. Onde estão as palavras que me embalavam?
As palavras que eu ouvi se perderam no encanto e na desilusão de gostar demais.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Eu não sei escrever

Eu não sei escrever em inglês. Eu não sei escrever corretamente em nenhum idioma. Sei escrever palavras aleatórias em um dialeto próprio, que se parece com o português. Não sei se você percebeu, eu escrevo o dialeto do meu coração. Só o entende quem é semelhante a mim e compartilha dos mesmos pensamentos e sentimentos que eu e meu coração errante.
Eu não sei escrever corretamente em nenhum idioma, mas sei transcrever algo que nem eu mesma sei explicar. Talvez essa coisa atenda pelo nome de sentimento. Talvez essa coisa seja absolutamente real ou absolutamente abstrata. Eu só sei que escrevo algo que meu coração me sussurra baixinho antes de eu dormir. E isso basta.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Palavras resgatadas

Minhas palavras se perderam em meio a uma confusão de sentimentos. Meu coração virou um grande lobby com pessoas passeando, umas chegando, outras partindo, outras que eu estou tentando expulsar, mas infelizmente não saem. Não as consigo tirar do confortável lugar em que se acomodaram. E minha inspiração se esvai na tentativa de arrancá-las de lá.
Minhas palavras se perderam num lugar desconhecido e distante de mim. Eu nem acredito que me rendi aos encantos de alguém a quem prometi não me entregar demais.
Descumpri minhas palavras - e odeio perceber isso. Lamento não ter tido a sensibilidade necessária para entender o que eu estava sentindo. Que minha cabeça, levemente mergulhada numa taça de vinho que me aqueceu o coração, me fez decidir esquecer alguém rapidamente. Sofregamente. Tentativa que eu espero que não se frustre. Estou sem as condições mínimas de investir em algo que me machuque mais do que já me machuquei anteriormente.
Minhas palavras se perderam no vislumbre de uma decepção amorosa que eu previ. que eu desejei evitar, mas que eu permiti que acontecesse. não há nada que se possa fazer.
Minhas palavras se perderam em meio aos meus pensamentos tristes e inconsoláveis de que eu deveria ter o conhecido antes.
Minhas palavras emudeceram diante de minha resolução de esquecê-lo. Aqui estão as poucas palavras que consegui resgatar em um momento de extrema irritação.
Essas palavras parecem não ter sentido. Mas o que se pode escrever quando nada que se pensa faz sentido?

domingo, 25 de julho de 2010

Sobre uma canção do Chico

Eu ouço as canções do Chico e deixo que uma mesma canção se repita até que eu me sinta satisfeita. Gosto dar canções dele. Gosto da interpretação da música "EU TE AMO" na voz da Ana Carolina e me pergunto se um amor como esse retratado na canção me surgirá um dia. Me questiono como que duvidando da veracidade dos sentimentos e canções do mestre Chico. Mas rapidamente percebo que todas as incríveis palavras dessa canção expressam algo que nós sabemos sentir tão facilmente: nos apaixonamos e nos tornamos submissos a esse soberano sentimento. Te saúdo, grande Chico Buarque e mais uma vez agradeço por tuas emocionantes palavras.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Um texto qualquer, numa noite qualquer

Não é necessário te ter por perto. Tua lembrança já me aquece o coração, como se estivesses aqui, ao meu lado. Enquanto escrevo essas palavras tolas, que talvez não cheguem aos teus olhos, penso que dormiria mais rápido se pudesse me enroscar em teus braços e deixar tuas mãos se perderem em meus cabelos. Mas eu ainda estou aqui, numa noite qualquer, sem conseguir dormir, com os olhos fixos em algum lugar do meu quarto de paredes brancas, enquanto ouço uma canção qualquer, rabisco um texto qualquer e viajo nos sonhos de uma menina que ainda não cresceu e insiste em te procurar e te esperar, na expectativa de que essa espera e esse anseio por você, te traga como que por mágica para meus braços que já não sabem o que é o teu calor há algum curto, mas irritante tempo.

Teus olhos ainda me deixam tímida, tua voz ainda me agrada, e teu carinho me faz muito feliz.
Não sei a quem destinar esse texto. Não sei quem és. Eu só tenho a certeza de que preciso rapidamente que sejas meu.
E isso basta.
Seja bem vindo aos meus sonhos. Boa noite...

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Procura-se

Procura-se um amor que seja imperfeito. Que tenha olhos sinceros de qualquer cor.
Que tenha qualquer altura acima da minha. E que tenha uma pele macia de qualquer tonalidade.
Procura-se alguém que goste de música, mas que curta jazz, bossa e MPB. Que aceite que eu ouço Coltrane. E que me mostre sons novos.
Procura-se um amor que goste de livros, filmes antigos, jornal e internet. Que me envie mensagens no celular e no twitter.
Procura-se um amor que me leve a passear na praia, ou no café da livraria, ou no cinema ou em algum outro lugar bonito e tranquilo.
Procura-se um amor que me ponha óculos escuros de lentes cor de rosa sempre que estiver ao meu lado, que cante para mim, que tenha bom humor, que seja sincero e leal.
Que seja fiel e verdadeiro.
Procura-se um alguém que me entenda e me complete e principalmente que esteja a procura de alguém imperfeito igualzinho a mim!

*Resumo da conversa das minhas amigas sobre o tipo de namorado que eu mereço.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Quando amigos falam a possível verdade

O pianista tocava um jazz qualquer. Lívia não suportava mais o cheiro de cigarro daquele bar. Juan não parava de fumar. Lívia aplaudia a maestria do pianista enquanto Juan bebia uma cerveja importada, que segundo ele, era a melhor que já havia experimentado. Lívia delirava a cada nota executada com perfeição. De repente Juan interrompeu o delírio de Lívia:

- Conheci uma mulher incrível no trabalho.
- Mais uma de suas conquistas?
- Não. Apaixonei-me por ela...

Surpresa, Lívia largou a taça de Dry Martini sobre a mesa e olhou incrédula para Juan.

- Como assim, apaixonou-se por ela? Juan... Você é casado!
- Eu sei, ela sabe, todo mundo sabe... Mas estou encantando por aquela mulher, Lívia.
- Sei que esse encantamento vai durar até você ficar com ela. Acredite em mim, amigo! Já ouvi esse discurso antes, mas você usou uma palavra nova hoje.
- Eu estou apaixonado, Lívia! De verdade! Sonho com ela, acordo pensando nela, passo as noites imaginando o que ela está fazendo.
- E daí, você já contou a ela?
- Sim, e estou tentando fazer com que ela se apaixone por mim também.
- Como assim? Vai enfeitiçar a mulher, Juan? Vai usar todo seu poder de sedução com essa inocente?
- Ninguém é inocente com aqueles lábios, com aquela pele... Ela é totalmente culpada por isso tudo!
- Certo... Qual o plano?
- Um encontro furtivo, preciso beijá-la! De algum jeito, inesperadamente. Preciso abraçá-la, enroscar minhas mãos nos cabelos dela e quando estiver olhando nos olhos dela, beijá-la avidamente. Deixá-la sem fôlego e totalmente entregue!
- E depois?
- Depois marcaremos um jantar, comprarei um vinho, falarei a ela coisas que a deixem ruborizada... Contarei a história de paixão de algum casal famoso, falarei de algum livro, pedirei que um pianista toque uma música da Etta James e depois veremos...
- Um plano perfeito para fazer alguém apaixonar-se? Você é quase patético. Sempre soube que você era meio bruxo... vai por alguma porção mágica nesse vinho?
- [risos] Exatamente! Meu desejo será um feitiço!
- Só cuides para que a tua vítima não tenha um plano de desconstruir tua paixão por ela. Aí, meu amigo... Voltaremos a esse bar. Ouviremos esse pianista fazer esse piano chorar um blues, você beberá cervejas importadas até não distinguir mais o sabor delas e vai chorar nos ombros da sua velha amiga por mais uma paixão que teve fim antes mesmo de ter um começo.

Juan e Lívia emudeceram na cumpicidade de saber que ouviram uma dura verdade. Se Lívia mais uma vez tivesse razão, significaria o fracasso do conquistador Juan.
Juan fumou mais dois cigarros e Lívia estava com seu interminável drink. Ele pela primeira vez se concentrou no que o pianista tocava. Aquela música parecia perfeita para uma noite de amor com a nova paixão de Juan. Lívia se deleitava naqueles acordes, fechava os olhos e voava na canção.
Terminaram a noite no silêncio dos amigos que temem ter compatilhado uma possível verdade. Porém, com a certeza de que mesmo assim, continuariam amigos
 E como se possível, se sentiram ainda mais ligados.

sábado, 22 de maio de 2010

Sobre coisas que fazem o dia valer a pena

Estive em um dia péssimo e saí em busca de uma experiência bacana. Chateada depois de uma prova péssima de inglês, minha cabeça se dividia em pensamentos bilíngues. Andei pelas ruas do Centro, vi todos aqueles casarões antigos, as pessoas apressadas, outras, estáticas, observando o movimento e eu ali, no meio de tudo looking for something unusual que fizesse meu dia valer a pena.

Almocei em um restaurante simples, uma comida caseira excelente e tomei um mate gelado - amazing - enquanto observava vários senhores falando do Dunga e do Lula no Café São Luís. Outra volta, calor do meio-dia e um refúgio: UM SEBO. Ah! Paraíso... O vendedor ainda me reconheceu. Eu ia lá quase todos os meses depois de juntar o troco do lanche do intervalo na escola.

- Pensei que você não viria mais em busca de edições antigas.

- É que tô sem tempo...

- A mais nova das minhas freguesas! Mas sabe, poucos buscam aquelas edições de capa dura que você gostava. E agora já vejo que você não me pagará com um dinheirinho trocado... Não é?

- Ainda gosto! É que não tive tempo de voltar...

- Agora só se fala num tal de Crepúsculo e uns livros sobre algo que foi perdido. Triste. Todos americanizados. Aqueles livros que o povo lia antigamente estão ali, numa estante meio escondida. Ninguém vai até lá...

- Exatamente o que eu procuro! Alguma novidade por aqui?

- Estamos vendendo esses títulos num site aí... Alguma coisa que minha cunhada viu num computador e tá dando é certo! O povo não tem tempo de vir no sebo, faz tudo de casa.

- Que graça tem? Garimpar livros bons num sebo on-line... Não tem esse cheiro de história, de outras impressões vividas por quem leu esses livros.

- São pessoas como você, pequena! Sempre sem tempo!

- Mas eu voltei, não voltei? Demorei, mas vir aqui hoje é bem mais que garimpar um livro bom...

- Eu sei como é... É voltar a se sentir um pouco mais gente, quando você se comporta como uma máquina, não é?

- ...

- Leva esse: Contos de aprendiz. Vai te fazer sentir mais humana, pequena. E quando acabar esse, volte, que eu vou te deixar garimpar outro livro, mas sozinha... Aí pela sua escolha eu digo se funcionou ou não. Combinado?

- Temos um acordo!

Tá vendo? Sua falta de tempo chama-se trabalho. É muito fácil comprar um livro, agora que você tem seu dinheiro. Em compensação, te falta o tempo!

Me deliciei folheando livros que tinham nomes manuscritos, iniciais, dedicatórias, juras de amor e conselhos de pais e tias... Me detive pensando no que teria acontecido com as pessoas que receberam os livros e se desfizeram deles. Pensei em mim, nos meus livros sem dedicatória e sorri.

Eu ri das lembranças daquele vendedor de livros... Como pode lembrar de mim depois de vários meses? Sempre achei que ele ria das moedas e notas de R$ 1,00 que eu dava como pagamento!

It doesn't matter... Saí com meu coração leve e a cabeça cheia de humanidade, abraçada com meu mais novo companheiro e com a sensação de ter garimpado no sebo os minutos que fizeram o meu dia valer - e muito - a pena.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O choro da menina boba

Por quem chora aquela menina boba? Chora pelo amor que teve e perdeu, pelas dúvidas que tem em sua cabeça e pela incerteza das coisas simples da vida. A menina boba chora de desejo, de saudade, de vontade. Chora porque quer se sentir leve, limpa e aliviada. Aquela menina boba chora porque percebeu que não é mais uma menina. Tornou-se adulta e nem se deu conta.
Ah, menina boba! Até quando ficarias te fazendo de tonta? Não vês que o tempo passou para ti como para todos os outros? Que a vida te trouxe as dores e as delícias de ser quem és?
Enxuga tuas lágrimas, adorna teu rosto com um sorriso e entendas em definitivo que teu choro não precisa ser constante, faças de tua vida um encanto e um prazer eternos...
Boa vida, menina boba! Que tenhas boas descobertas...

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Um breve pensamento.

E daí que eu ando devagar? Meus passos sabem aonde me levar.
Não tenho pressa por fazer as coisas acontecerem! Elas serão inesquecíveis quando ocorrerem no momento certo.
Tanto faz se chorei, ou ri alto demais... Quem se importa com meu barulho senão quem não me conhece?
Incomodaria-me mesmo se eu vivesse devagar, se eu fosse infeliz por não ter um par. Mas quem estará sozinho enquanto amar?
Sempre haverá um coração disposto a ser amado, sempre existirá o conteúdo exato para preencher o espaço aberto na vida de quem muito amor tem.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Um novo olhar sobre as crianças

Gasto muito tempo observando as crianças correrem. Acho encantador o modo como elas se atiram sem medo, sem calcular o efeito de seus atos. Gosto de ver os sorrisos que surgem fáceis, os gritos de agitação e os gestos que só as crianças são capazes de fazer tão espontaneamente. Detenho-me nos olhos sinceros das crianças que correm e fazem barulho como pássaros ao amanhecer. Não deixa de ser um amanhecer pra mim, que acordei com os gritos de seis ou sete crianças que corriam na rua, no meio da tarde.


Mas me enterneci com a cena que elas estrelavam na minha frente. Vi as crianças correndo rumo ao nada e entendia que elas correm por ter pressa de aproveitar o dia que os parece muito curto. Não que elas estejam atrasadas, pois todas estão descalças, com roupas sujas sem nada nas mãos e tomando banho de chuva!

Misturou-se a esses personagens, o cenário de uma rua com casinhas simples, um pé de jambo em flor, com as flores cor de rosa colorindo o asfalto, o céu dividido entre sol e chuva por um arco-íris tímido e a chuva fina que caía sobre aquelas crianças, que em qualquer outro dia me causariam irritação, mas hoje significaram liberdade. E uma lição para que eu corra de braços abertos para aproveitar o dia que me parece interminável, mas que tornou-se perfeito desde o momento em que eu vi as crianças que alegraram o meu dia.

sábado, 17 de abril de 2010

Um manuscrito


Desligar-se de todas as coisas habituais as vezes é necéssário.
Experimento voltar a fazer velhas coisas.
Ouvir antigas canções.
Preparar aquela comida que a muito tempo não ousava.
Ficar no silêncio por alguns instantes.
Perceber como é bom um momento de tranquilidade!
Fazer algo manuscrito...

E continuar pensando, continuar exstindo.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Sobre uma reflexão maluca que tive...

Se limitas os desejos, como podes ser grande?
Por que não desejar o mundo aos seus pés?
Se não sonhas, como podes realizar algo?
Por que não delirar enquanto sonhas?
Por que não experimentar o novo, o ousado, o moderno?
Por que não ser diferente, mesmo sendo igual?
Por que não crescer, mesmo quando já és um adulto?
Por que não conhecer o que te é desconhecido?
Se precisares, conheça a coragem, a ousadia, a loucura.
Pequenas doses de delírios todos os dias te cairão muito bem!
Sempre que possível te dediques a pequenos prazeres...
Não leves a vida tão a sério, experimente ver o lado mais leve das coisas.
Encarar a vida com leveza, te trará liberdade
e Felicidade.

Não te esqueças de tuas antigas conquistas

O que dizer quando me surpreendo? Quando as palavras já não são apenas um som, mas como armas que ferem minha tranquilidade... Parece que você esqueceu de nossa cumplicidade, não é? De todos os segredos que compartilhamos e das confissões que fizemos uma a outra. Você sabia muito sobre mim, mas agora parece não conhecer nada! Parece ter esquecido que eu nunca quis viver sua vidinha vulgar e mais ou menos, cheio de sonhos pequenos e ingênuos. Parece mesmo que você esqueceu de todas as minhas qualidades e agora só enxerga meus enormes defeitos. Está bem... Se a tua definição sobre mim se resume a quatro ou cinco palavras idiotas, dispenso ser qualificada por elas. Lamento que tenha se perdido em sua cabecinha todas as coisas boas que compartilhamos! Mas não te preocupes, sei exatamente quem és e que apesar de ser uma mulher, tens a cabeça de uma criança e não consegues administrar tuas novas conquistas com as antigas, exatamente como uma criança com um brinquedo novo.
Um dia lembrarás de tudo, e espero que não seja muito tarde!

terça-feira, 6 de abril de 2010

Sobre como tornar-se um herói.

Falou tanto que se repetia sem perceber. E falava alto, estridentemente, pra chamar atenção. E falava o tempo todo. A típica tagarela portando a falta de assunto e de senso do ridículo. Dominando forçadamente o diálogo, aliás, dominando todo o espaço com aquela voz aguda e tão irritante! Se estivesse numa boate passaria despercebida, mas numa livraria? O cúmulo da falta de senso. E todos constragidos ao redor daquela falante desconhecida da maioria das pessoas que frequentam aquele lugar. Depois dos leitores ouvirem o monólogo da moça por alguns longos mimutos, um ilustre senhor, com um livro do Vargas Llosa em punho e um óculos equilibrado na ponta do nariz, se ergue e diz, altissonante: QUERIDA, POR QUE NÃO CALAS??? Simultaneamente aos olhares surpresos, orgulhosos e aliviados o ilustre leitor senta-se, não como um mero frequentador de uma livraria, mas como o herói do nosso dia e o salvador do sagrado silêncio de uma biblioteca.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Sobre todas as coisas que findam em uma só.

Estive pensando sobre todas as coisas possíveis enquanto tomo um bom vinho. Sozinha. Quantas loucuras me passam na cabeça em dias como esse. Em que estou só, confusa e submersa em mim como se eu pudesse arrancar forçadamente todas as duvidas e incertezas dessa cabeça inquieta e desse coração indeciso. Como era fácil  minha vida e eu não percebia. As coisas eram tão mais simples... Eu tento descomplicar agora e é quase impossivel.


Que peso nos traz as experiências. E que indecisão nos traz a idade. É o preço da ponderação.

“É a maturidade!”, diz mamãe. Só os maduros são capazes de analisar as palavras e atos. “É o uso correto do intelecto.” diz vovô. É uma grande bobagem, eu digo. Pois mesmo tendo chegado numa fase racional, me flagro esperando que toque o telefone, que ele diga que me ama, depois que eu envio uma mensagem de amor ridícula, como são todas as cartas de amor.

Para completar a cena trágica do drama francês que tenho protagonizado, escuto Maria Betânia declamar o poema que li e reli alguns anos atrás antes de te escrever cartas de um amor pueril, ridículo e patético.



Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.       

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)



E o pior é reconhecer que 10 anos depois contínuo tão ridícula se o assunto é você. Chega a ser trágico me olhar no espelho e notar  meus olhos tristes esperando que você os faça brilhar. Não quis te dizer isso na cama daquele motel barato, isso nos faria perder o tempo que tivemos pra saciar uma sede que tínhamos de estar juntos. Desculpa por todas as cartas ridículas que te enviei, e até por te ajudar a reatar com sua ex namorada. Me arrependo disso e das vezes que te disse não. Engraçado como esse texto poderia ser sobre qualquer outra coisa que eu estava pensando, mas acaba sempre em você... Sentimentos assim se não são amor, são uma doença. Me pergunto, o porque dessa carta de amor ridícula e da música da Joss Stone que toca agora e me lembra você. E quando me perguntas o que sinto por você, fico na dúvida se é amor ou uma doença. Mas hoje eu queria te pedir pra que esqueça minha dúvida sobre te amar. Porque me lembro de que tenho saúde ótima! E canto a plenos pulmões a trilha sonora do drama que tenho protagonizado todas as vezes que você reaparece na minha vida. Canto como se você me escutasse, porque na verdade estou apenas me declarando pra você.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Sobre a noite...

As noites guardam mistérios que nos causam insônia
Observo o céu, negro e repleto de segredos.
Imagino quantos amantes não se deram sob esse denso véu.
Quantos casais nao trocaram juras de amor eterno.
Quantos solitários nao choraram sua solidão.
E observo que ha beleza nessa escuridão.
Que nos falta sensibilidade de perceber as coisas que a noite nos ensina.
Como guardar segredos, como seduzir, como fascinar, como  envolver e manter mistérios.
Aprendi que a noite é a fonte da sedução.
Sempre preferi a noite.
Sempre me senti envolvida pelos perfumes que ela tem.
Pela sensação de proibido, pelo escuro, por encobrir coisas comuns e revelar coisas novas.
Hoje fiz uma declaração a noite: quero ser como ela.
Densa, envolvente, misteriosa e sedutora.
Quero ser a confidente de um  apaixonado, a inspiração de um trovador e o melhor momento do dia de alguém.
Mas quero ter brilho. Quero o encanto do luar e todo o brilho das estrelas... 

domingo, 14 de março de 2010

Um monólogo.

Não provoque-me tanto que posso não resistir. Sei de meus limites, e sinto que me puseste no limiar da razão e da paixão. Sabes que estou em um momento extremamente racional e abusas da sedução para me ter entregue aos teus encantos.

Sabes que resisto a teus beijos porque não posso suportá-los, por muito me agradarem. E que me prendes em teus olhos quando me observas ternamente,
Mas em resposta de meu apelo, apenas esboças um riso irônico em teu belo rosto. Zombas de meu nervosismo tolo ao tentar fugir de teus abraços e achas graça quando ajo em contradição com meu discurso. Até de meu discurso zombas. Sentas e esperas pelo término de meu discurso inflamado. E quando por fim, me canso de falar, olho para ti estás a rir das coisas que falei tão enfurecida.
Pior que zombares, é ver que te ergues e sem resistência de minha parte me tomas em teus braços e me envolves com teu abraço e me deixas perdida em meio as minhas palavras e sentimentos. Ainda pior é me deixares sem argumentos diante dos fatos. Me deixares vulnerável, como qualquer outra mulher, que pensa com o coração... Como qualquer outra que é fraca, e facilmente controlada pelo desejo e submissa a vontade de estar ao lado de quem ela quer bem. E o que torna tudo isso insuportável, é que sinto-me uma tola por me entregar facilmente e perceber que eu te quero muito bem. E que por te querer, tenho me igualado a todas as outras mulheres comuns. A todas as outras mulheres que assumem a fragilidade e que entregam o controle de suas emoções a um homem semelhante a você.
Agora, que sabes o que penso quando me abordas dessa maneira, evites provocar-me. Não faças com que eu me irrite com meu comportamento previsível. Pelo menos essa noite deixe que eu me sinta a "super mulher" que tento ser e resistir a você mais uma vez para que eu possa dormir e sonhar com meus ideais de mulher independente.
E por favor, quando me responder à esse desabafo, não digas que não entendeste metade das palavras que disse, por achares todo o discurso elaborado demais. Não estive ensaiando dizer-te nada. Estive apenas expressando as coisas que me vêem a cabeça todas as vezes que me provocas dessa maneira. E por favor, evite os erros de português. Eles me matam.

Nota: O texto não é baseado em fatos reais. As duas últimas frases, sim.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Sobre as sensações que a vida me deu.

Os dias têm sido reflexivos e enigmáticos. Por vezes me pego pensando em tudo que aconteceu em minha e me questiono: Por que aconteceram tantas mudanças tão rapidamente??? Comecei esse mês como quem fecha um ciclo.Sabe aquela sensação que temos quando conseguimos fazer algo muito difícil? Mais ou  menos isso.
Um ano atrás eu era noiva, estudante e limitada. Em um mês de março, rompi um noivado, me formei, perdi minha vó querida, e assumi o controle da minha vida de maneira a evitar sofrimento. Sim... Eu parto do princípio de que dor é inevitável, mas o sofrimento opcional e não me culpo por tomar esse clichê como um princípio de vida. Também não li nenhum livro de auto ajuda, mas cresci aprendendo com os erros dos outros e isso me fez amadurecer muito de forma pouco traumática.
Então, um ano depois eu percebo o quanto as coisas mudaram. Não tive recaídas com o ex e ao contrário do que imaginavam não entrei em depressão. Me cuidei mais, vivi intensamente os momentos que se seguiram e sofri - sim, eu chorei penosamente -  a perda de minha vozinha e nesse caso, não pude fazer nada por ela... A dor que senti foi demasiado forte que extravasei de todos os modos que pude.
Rompi ciclos e inicei outros. Me questionei na época: Será que isso tudo é saudável e natural? Hoje eu me sinto pronta pra responder: Sim! Saudável e natural. Estou longe de ser uma mulher perfeita ou um exemplo qa ser seguido, mas tenho vivido muito bem. Sinto-me leve como nunca estive antes e sinto que posso fazer muito mais coisas que eu tenho vontade. Me torne ilimitada e ousada. Arrisco mais, sinto mais, me dou mais, experimento, faço, tento, aprendo, erro e assumo isso e estou o tempo todo melhorando e  crescendo, crescendo, crescendo... e me sentindo feliz.
Acho que todos deviam passar por um momento de choque e reagir de modo positivo a isso tudo. Os benefícios são diversos, e eu nem precisei fazer uma lista de atividades, planejar um passo-a-passo... AS coisas aconteceram! Do mesmo jeito que a água trilha o curso de um rio. Mas se eu tivesse feito uma lista de prioridades, a última coisa seria um ato que sempre tenho vontade de fazer e nunca faço, algo simples,  mas que pareça uma loucura, estranho... que me dê uma sensação de liberdade. Algo como tomar um banho de chuva! E hoje eu marcaria como feito, e escreveria uma observação: NADA SE COMPARA A SENSAÇÃO DE LIBERDADE! Se eu ainda tivesse um diário, escreveria apenas isso no dia de hoje:

"Hoje eu acordei com a sensação de que estou pronta para outras experiências. Saí como todos os dias, fiz as coisas de minha rotina e me permiti um banho de chuva, na rua, de roupa, com livros em punho... e gritei na rua deserta frases soltas, celebrando uma sensação de poder e liberdade que eu deconhecia. Agradeço pela chuva e pelo dia de hoje... As coisas me parecem muito melhor do que realmente são. E eu só agradeço por elas."


Esse texto pode ser considerado um desabafo de uma mulher que se redescobre a cada dia.

terça-feira, 2 de março de 2010

Bairrista!

Li um texto recentemente sobre a cidade em que moro. Natal, capital do Rio Grande do Norte foi definida como uma Capital com jeito de caipira. Concordo. E ainda acho isso ótimo! Afinal, é uma definição carinhosa para uma cidade litorânea que ainda não cedeu aos encantos da modernidade. Claro que isso tem um lado ruim, pois permanecemos um pouco atrasados em relação às outras capitais do Nordeste. Mas paro e agradeço por sermos ainda como uma pequena cidade de interior. Onde as pessoas sentam à porta pra conversar com os vizinhos, quando qualquer pequeno acontecimento é capaz de movimentar a cidade inteira. E o melhor: ainda temos árvores nas ruas. Certo que não são em todas as ruas da cidade, mas uma das principais avenidas é super arborizada. As pessoas gostam disso. Temos a maior reserva de Mata Atlântica concentrado em um parque urbano e ainda temos uma orla incrivelmente respeitada. Pode não parecer, mas em comparação com as capitais vizinhas... Natal não tem espigões estirados em continuidade com a areia da praia. Até mesmo Ponta Negra, nossa praia mais famosa resiste a grandes construções.
Que maravilha!!! Estava pensando em tudo isso enquanto ia para o trabalho, um hotel de luxo, à beira mar, que possui sete andares, e respeita a altura estabelecida pelo Ministério Público para construções beira-mar, na avenida costeira da cidade que só possui hotéis construídos e que tem uma vista espetacular da praia de Ponta Negra e do Morro do careca. O que me levou a reviver esse texto, que agora me foge o autor e a publicação foi perceber que, a cerca de dois anos atrás, nossa provinciana cidade entrou em guerra com investidores estrangeiros que queriam construir um edifício gigantesco vizinho ao Morro do Careca. O morro, que havia um tempo estava sendo agredido pelo constante sobe e desce de banhistas da praia do careca, e a destruição da vegetação do morro... Lembro da comoção que foi a campanha para proibir a escalada do morro. Mìdia inteira envolvida, escolas, universidades... Conseguimos! E depois de tanto sacrifício, lutamos com investidores e advinhem!!! Ganhamos! Abraçamos o morro, fizemos protestos e o resultado???
Olha só:
 

O morro inteirinho, com parte da vegetação recuperada e... Opa!!! Algum espigão vizinho???
Agora respondam: que outra cidade, senão uma capital com jeitão de interior teria o poder de preservar as coisas mais simples de seu cotidiano?
Em breve, mais notícias e relatos da bairrista mais apaixonada dessa cidade abençoada por Deus e lindíssima por natureza.