quarta-feira, 31 de março de 2010

Sobre todas as coisas que findam em uma só.

Estive pensando sobre todas as coisas possíveis enquanto tomo um bom vinho. Sozinha. Quantas loucuras me passam na cabeça em dias como esse. Em que estou só, confusa e submersa em mim como se eu pudesse arrancar forçadamente todas as duvidas e incertezas dessa cabeça inquieta e desse coração indeciso. Como era fácil  minha vida e eu não percebia. As coisas eram tão mais simples... Eu tento descomplicar agora e é quase impossivel.


Que peso nos traz as experiências. E que indecisão nos traz a idade. É o preço da ponderação.

“É a maturidade!”, diz mamãe. Só os maduros são capazes de analisar as palavras e atos. “É o uso correto do intelecto.” diz vovô. É uma grande bobagem, eu digo. Pois mesmo tendo chegado numa fase racional, me flagro esperando que toque o telefone, que ele diga que me ama, depois que eu envio uma mensagem de amor ridícula, como são todas as cartas de amor.

Para completar a cena trágica do drama francês que tenho protagonizado, escuto Maria Betânia declamar o poema que li e reli alguns anos atrás antes de te escrever cartas de um amor pueril, ridículo e patético.



Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.       

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)



E o pior é reconhecer que 10 anos depois contínuo tão ridícula se o assunto é você. Chega a ser trágico me olhar no espelho e notar  meus olhos tristes esperando que você os faça brilhar. Não quis te dizer isso na cama daquele motel barato, isso nos faria perder o tempo que tivemos pra saciar uma sede que tínhamos de estar juntos. Desculpa por todas as cartas ridículas que te enviei, e até por te ajudar a reatar com sua ex namorada. Me arrependo disso e das vezes que te disse não. Engraçado como esse texto poderia ser sobre qualquer outra coisa que eu estava pensando, mas acaba sempre em você... Sentimentos assim se não são amor, são uma doença. Me pergunto, o porque dessa carta de amor ridícula e da música da Joss Stone que toca agora e me lembra você. E quando me perguntas o que sinto por você, fico na dúvida se é amor ou uma doença. Mas hoje eu queria te pedir pra que esqueça minha dúvida sobre te amar. Porque me lembro de que tenho saúde ótima! E canto a plenos pulmões a trilha sonora do drama que tenho protagonizado todas as vezes que você reaparece na minha vida. Canto como se você me escutasse, porque na verdade estou apenas me declarando pra você.

5 comentários:

  1. Abstendo-me do risco de tecer um comentário ridículo, paro por aqui.

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  2. Mas, meus dedos agitados não me permitem...
    Que seja, então, ridículo (ou redundante) eu te parabenizar mais uma vez por um lindo texto!

    A dúvida ridícula que permanece em minha mente é: até quando iremos amar aquilo que já não temos???

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  3. Pois saiba que teus comentários jamais me serão ridículos!
    Quanto a pergunta... Bom, eu também espero a resposta, amigo!

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  4. oi Maria Clara, obg!!! Seja bem vinda...
    Beijos!

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