terça-feira, 6 de abril de 2010

Sobre como tornar-se um herói.

Falou tanto que se repetia sem perceber. E falava alto, estridentemente, pra chamar atenção. E falava o tempo todo. A típica tagarela portando a falta de assunto e de senso do ridículo. Dominando forçadamente o diálogo, aliás, dominando todo o espaço com aquela voz aguda e tão irritante! Se estivesse numa boate passaria despercebida, mas numa livraria? O cúmulo da falta de senso. E todos constragidos ao redor daquela falante desconhecida da maioria das pessoas que frequentam aquele lugar. Depois dos leitores ouvirem o monólogo da moça por alguns longos mimutos, um ilustre senhor, com um livro do Vargas Llosa em punho e um óculos equilibrado na ponta do nariz, se ergue e diz, altissonante: QUERIDA, POR QUE NÃO CALAS??? Simultaneamente aos olhares surpresos, orgulhosos e aliviados o ilustre leitor senta-se, não como um mero frequentador de uma livraria, mas como o herói do nosso dia e o salvador do sagrado silêncio de uma biblioteca.

5 comentários:

  1. Eia a atitude certa a se tomar diante de uma profanção absurda como esta!
    Eu ainda teria completado: Por que não calas, matraca? A "matraca" faz uma baita diferença, pois não é um insulto, uma vez que matraca "também" é uma ave ruidosa.
    Gostei do episódio, Alice :)
    Daria tudo para ter presenciado, rs...
    Bjs, Robson.
    PS: lembrei de um episódio em que, se não me engano, mandaram que o Hugo Chavez se calasse.

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  2. Corrigindo lapsos:
    "Eis" a atitude (...) uma "profanação".

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  3. Adorei Alice. Parabéns!

    O mundo seria tão melhor se tivéssesmos mais heróis como esse!

    Um abraço!

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  4. Eu tinha na minha mente que os heróis são seres irreais, com superpoderes e amigos dos pobres e indefesos... Pura invencionice, eu cria.

    Mão não é que há heróis por aí mesmo? Santo silêncio...

    Abraços,
    Pê Sousa.

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