Recentemente voltei a ler dicionários. Aurélio, Michaelis, Oxford.
Apenas abro e leio qualquer palavra, apenas por curiosidade, nos minutos vagos
no meu quarto, no meio das minhas bugigangas.
Gosto de descobrir que às vezes, empregamos palavras no
sentido errado. O caso de “relevar”, por exemplo, que geralmente empregamos no
sentido de “esquecer”, mas significa exatamente o contrário.
Melhor ainda é descobrir uma palavra “nova”, palavras que
nunca tinha usado antes. Ou me deparar com palavras que só encontro nos livros
de Machado de Assis. E palavras que mudaram a grafia com tempo, “cousas” da
modernidade.
Paro meus olhos entre as páginas dos meus dicionários e me
questiono: como poderemos aposentar os livros impressos?
Sei que muitas coisas vieram para revolucionar e melhorar
algo. Mas, por que voltamos a produzir long plays se temos Ipads? Por que diabos
ainda usam-se óculos se existem as lentes de contato? Por que não parou a
produção de relógios analógicos se os digitais são tão mais práticos?
O velho e o moderno convivem e qual o problema em conciliar
os dois? Por que não podemos ter construções antigas e modernas no mesmo
espaço? Por que não ter o kindle comprado pela internet e o velho livro
garimpado no sebo na mesma mesa de cabeceira?
Nós somos sempre tendenciosos ao novo, ao
moderno... Mas não podemos esquecer que são as coisas antigas, as pequenas
relíquias que temos em nossa casa, ao nosso alcance que são as coisas mais
preciosas, as mais legais e que – paradoxalmente – nos fazem valorizar essas modernosas
tralhas todas que vemos surgir na velocidade da luz.